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Sabe aquele movimento que você viu alguém fazendo e resolveu imitar porque te disseram que era bom para alongar um determinado músculo? Pois bem, você pode estar alongando um nervo, piorando ainda mais a situação do músculo que julgou estar “encurtado”.

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O músculo é um tecido fibroso capaz de aumentar e reduzir o deslocamento entre suas fibras, que deslizam umas sobre as outras, como uma porta sanfonada que corre sobre seu trilho (mas que tem um motor acoplado para fazer isso sem precisar de nenhum empurrão).

Quando esta porta se abre totalmente, fica mais espessa e densa e quando está totalmente fechada, fica mais comprida e fina, da mesma forma que um músculo contraído e relaxado, respectivamente. Quando esta porta fica emperrada, ou seja, quando um músculo não relaxa, alguns dizem que ele está “encurtado” e precisa ser alongado para se soltar, enquanto outros (como eu) preferem apenas dizer que ele está contraído e precisa ser relaxado.

Já o nervo é um outro tecido, que não possui esta capacidade de contrair e relaxar, muito menos de alongar. É como um fio de energia, que liga nosso cérebro e nossa medula com praticamente tudo no nosso corpo, como órgãos, vísceras, olhos, boca, pele, tendões e músculos. Ou seja, eles são as vias de comando do nosso corpo. Por exemplo, quando queremos contrair o músculo da coxa, nosso cérebro envia um sinal que, através dos nervos, chega na coxa e gera uma contração no músculo desejado. Além de ser uma via de controle, também tem a função da sensibilidade. Graças aos nervos, sabemos diferenciar o calor do frio, salgado do doce, duro do mole, tenso e relaxado, deitado ou sentado etc.

Agora que sabemos a (grande) diferença entre eles, vamos ao que interessa: como saber qual deles estamos alongando? Para isso, vamos dar mais algumas informações. O nervo é bem mais fino que o músculo, portanto, quando um nervo é tensionado (afinal, ele não se alonga), a pessoa sente um fio com trajeto bem definido sendo esticado, geralmente parecido com uma queimação fina nesse trajeto, afinal, estamos realizando uma tração na estrutura mais sensível do corpo!

É bem mais incômodo quando comparamos com o alongamento muscular, que é mais largo e bem menos dolorido. Neste momento, tenho certeza que alguns já lembraram daquele “alongamento” para o músculo posterior da coxa, colocando a perna em cima de algum apoio alto, esticando os joelhos, inclinando o corpo para frente e puxando a ponta do pé para trás. Ele é um típico exercício para gerar tensão em todo o trajeto do seu nervo ciático!

Para esticar seu músculo posterior da coxa, apoie toda sola do seu pé em cima de um degrau alto com o joelho dobrado, incline seu corpo para frente, mas mantendo o abdômen esticado (ou seja, rodando a pelve para frente, levando o púbis em direção ao chão) e vá aos poucos esticando o joelho, levando o quadril para trás, até sentir o músculo atrás da coxa tensionado (a maioria vai notar que não conseguem esticar todo o joelho!).

Tentar alongar um nervo pode ser lesivo, pois o aumento da tensão nesta estrutura pode alterar sua sensibilidade e sua tolerância a estímulos, comprometendo sua função e podendo gerar sintomas como dor local, dores irradiadas, alterações de tônus muscular (sensação de fraqueza e instabilidade), falta de confiança e consequente compensação de movimentos, entre diversos outros. Ou seja, possivelmente seriam alguns dos motivos pelos quais alguns estudos demonstram que o alongamento antes de atividades físicas pode aumentar o número de lesões.

Por conta de tudo isso, fique atento ao seu corpo. Se você começar a sentir qualquer coisa parecida com o descrito acima, procure por auxílio profissional. Evite sair imitando as pessoas sem antes entender as razões pelas quais elas fazem (e como fazem) determinados exercícios. Cuide-se bem para correr sempre!

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