Saturação de creatina: uma estratégia ergogênica para melhora do rendimento?
Seu descobrimento foi iniciado pelo cientista francês Michel Chevreu no em 1835, aonde o mesmo relatou que um constituinte orgânico foi encontrado nas carnes, que denominou de creatina (Cr) (Mendes & Tirapegui, 2002; Fontana & Casal, 2003; Franco & Mariano, 2009). Mas, apenas em 1847 por problemas técnicos, outro cientista confirmou a presença de Cr em carnes, após notar que raposas que se exercitavam para caçar tinham 10 vezes mais em relação as que habitavam em cativeiros, que acabou levando a hipótese que o trabalho resultaria no acúmulo da substância (Mendes & Tirapegui, 2002).
Entre diferentes tipos de programas para o carregamento de creatina alguns investigadores fazem o período de carga de 20g/dia por um período de 5-7 dias, que podem aumentar os estoques totais de PCr (creatina-fosfato) entre 10-30% ou até mesmo 40% (Kreider, 2003), e um período de manutenção por um período que pode ir de 1 semana até 6 meses (Bemben & Lamont, 2005). Contudo, outros pesquisadores creem que a dosagem de 3g/dia de creatina em certo momento irá atingir os altos níveis de PCr no músculo (Terjung et al, 2000), o que descarta o uso da saturação. É sabido que havendo uma maior concentração de PCr muscular se aumenta a resíntese de ATP em exercícios anaeróbicos (Van Loon et al, 2003), o que pode determinar um resultado expressivo em provas curtas e de alta intensidade como um tiro de 100 metros, saltos verticais e aquelas últimas repetições da última série na academia.
Williams et al (2014) selecionaram 16 indivíduos do sexo masculino com uma saturação de creatina por um período de 7 dias, que analisou a capacidade de fadiga em jogadores de futebol no período de 90 min. O resultado do estudo não foi significativo, pois não melhorou o desempenho dos jogadores em medidas de aeróbio, velocidade de sprint e explosão de salto vertical. No estudo de Veggi et al (2013) foram escolhidos 18 indivíduos do gênero masculino que suplementaram creatina mono-hidratada por um período de 5 dias e realizaram 4 séries de bíceps a 75% de 1-RM até a fadiga. O resultado da saturação de creatina em um exercício anaeróbico mostrou que houve uma menor sensação de dor ao grupo suplementado do que o placebo.
Portanto, a saturação de creatina seria benéfica por aumentar os estoques de PCr no músculo em até 40%, que serve como um reserva rápida para um momento de uma prova ou exercício onde se transforma ADP em ATP, dando “aquele gás” para executar e até mesmo ultrapassar os limites do esporte. A saturação mais benéfica em uma revisão sistemática mostrou que o período de 5 dias suplementando 20g (4x5g/dia) obteve maiores resultados, mostrando efeitos ergogênicos nutricionais para o exercício anaeróbico.
por Luiz Eduardo Marinho Falcão
via Musculação Total