Como o próprio nome já indica, o refrigerante zero é uma bebida que pode ser apresentada como isenta de calorias. Entretanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reconhece o produto como um sinônimo do diet, ou seja, um refrigerante que é composto por menos de 0,5% de açúcar.
Graças a esse fato e à sua nomenclatura, a bebida pode dar a ideia de ser menos prejudicial à saúde e à boa forma que o refrigerante normal, associado a problemas como a elevação do risco de ataque cardíaco em homens, o crescimento do índice de gordura no sangue das mulheres, além de poder ser um dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças como osteoporose e diabetes do tipo 2.
Mas será que a versão zero ou diet do produto é realmente boa? Ou será que também podemos dizer que o refrigerante zero faz mal?
O refrigerante zero faz mal? Argumentos a favor da ideia
Vamos começar a nossa análise conhecendo algumas evidências que apontam para os malefícios do refrigerante zero.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, que envolveu aproximadamente 10 mil indivíduos adultos, descobriu que consumir simplesmente uma porção de refrigerante diet por dia eleva em 34% o risco de desenvolver a síndrome metabólica, condição que abrange sintomas como gordura abdominal e colesterol alto e que pode causar doenças no coração.
A questão do peso
Outro estudo, dessa vez feito pelo Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, verificou que tomar duas latas ou mais de refrigerante diet diariamente aumentou em 500% a incidência de acúmulo de gordura na cintura.
E de acordo com o alerta feito pela PhD e professora de nutrição da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, Marion Nestle, são pequenas as evidências que mostram que a versão diet do refrigerante pode auxiliar as pessoas a controlar ou diminuir o peso.
Uma análise de dados de mais de 23 mil pessoas feita pela Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, identificou que os integrantes desse grupo que se encontravam acima do peso e obesos tomavam uma quantidade maior de refrigerantes diet e zero e de alimentos sólidos do que as pessoas em forma presentes na lista.
A hipótese é que existe uma relação entre a comilança e a ingestão desses bebidas. A especialista em Saúde Pública, Sara Bleich, que também é uma das autoras do trabalho, explicou que as evidências indicam que os adoçantes presentes nesse tipo de produto desajustam o sistema de recompensa do cérebro, que deixa de ser uma medida confiável em relação à quantia de calorias de foi consumida e a quantidade que ainda deve ser ingerida.
A explicação para a ocorrência desse efeito está no neurotransmissor dopamina e nos seus receptores. Ela está ligada à sensação de prazer, e quando algo açucarado é ingerido, seus níveis são altamente elevados, algo que traz uma sensação agradável, acompanhada pelo desejo de comer ainda mais.
O adoçante presente nos refrigerantes zero e diet promove uma reação parecida, porém, não fornece a energia buscada pelo organismo, fazendo que o cérebro crie a expectativa de receber calorias. Como elas não aparecem, ele estimula o desejo e necessidade de ingerir outros alimentos, conforme informou o neurocientista da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, Ivan de Araújo.
Em outras palavras, o refrigerante zero faz mal para a sua dieta pois aumenta o apetite, estimulando o abuso na comilança e, por consequência, o aumento de peso. Como se não bastasse, os adoçantes ainda maximizam a capacidade de armazenamento das calorias provenientes das refeições.
Além disso, conforme o que disse a autora do livro The Sugar Detox (O Detox do Açúcar, tradução livre), Brooke Alpert, os adoçantes artificiais disparam a insulina, que coloca o corpo em um estado de armazenamento de gorduras.
Diabetes
Isso tudo sem contar que o refrigerante zero não oferece valor nutricional algum ao organismo e está associado a um aumento de 36% de chances de desenvolver diabetes, segundo concluiu um estudo da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos.
Problemas bucais
O produto pode fazer mal até mesmo para os dentes. Uma pesquisa publicada no jornal General Dentistry (Odontologia Geral) mostrou que pessoas que consomem refrigerantes diet habitualmente possuem o mesmo nível de erosão nos dentes que usuários de cocaína e metanfetamina.
Depressão
Como se não bastasse, outro estudo, apresentado na Academia Americana de Neurologia, descobriu que indivíduos que tomaram quatro copos ou latas de refrigerante por dia ao longo de 10 anos tinham 30% a mais de chance de sofrer com depressão do que as pessoas que não ingeriam a bebida.
A associação refere-se tanto à bebida normal quanto à diet e os pesquisadores alegaram que o risco parecia ser maior para os consumidores de refrigerantes diet.
Dores de cabeça
Refrigerantes diet também estão ligados ao aparecimento de dores de cabeça. Vale lembrar que a Anvisa classifica a nomenclatura “zero” como algo de mesmo significado que “diet”, como citamos acima.
Por outro lado
Não podemos, não devemos e nem vamos negar as evidências que mostram como o refrigerante zero faz mal à saúde. Entretanto, ao ser consumido com moderação, não é provável que a bebida faça mal à saúde de indivíduos adultos saudáveis.
Sim, o ideal é que ela seja substituída por outros mais saudáveis e nutritivas como água e suco natural de frutas (pouco calóricos), mais nutritivas e que trazem maior saciedade ao corpo. Porém, a ingestão esporádica, de uma a três vezes por mês em porções pequenas, pode contribuir com as pessoas que não conseguem viver sem o sabor do refrigerante.
Isso porque a possibilidade de poder tomar a bebida algumas vezes, ainda que poucas, pode ajudar na hora de lutar contra o desejo de consumir o refrigerante convencional e o seu consumo trará a vantagem de não causar o acúmulo de calorias e consumo de açúcares que a versão tradicional do produto traz.