Qualquer pessoa está sujeita a cair, tropeçar ou se machucar durante um treino ou praticando algum tipo de esporte. Ao sofrer qualquer tipo de trauma ao se machucar, a articulação pode ser afetada e a pessoa pode experimentar uma luxação.
De uma forma geral, pessoas idosas têm maior tendência a sofrer este tipo de problema, principalmente se tiverem restrição de mobilidade e devido à menor capacidade de se antecipar e prevenir quedas. As crianças também são um grupo de risco, pois estão o tempo todo correndo e não têm o equilíbrio e reflexo totalmente desenvolvidos ainda. Os atletas e praticantes de atividades físicas também podem sofrer esse tipo de lesão, principalmente se não tiverem a orientação adequada quanto aos seus limites físicos.
Assim, qualquer um pode sofrer uma luxação e é importante saber como agir ao experimentar um trauma desses para evitar complicações.
O que é luxação?
Todos os ossos do nosso corpo estão encaixados em articulações específicas. Uma luxação é uma condição na qual a extremidade de um ou mais ossos sai da posição em que deveria estar e este fica deslocado, ou seja, o osso se solta da articulação ou junta em que fica ligado.
Praticamente todas as partes do nosso corpo podem sofrer luxação. Com certeza você já ouviu falar em luxação no pé, luxação de ombro, luxação no dedo, luxação patelar, luxação no tornozelo, etc. Basicamente, qualquer local que tenha articulações pode ser alvo de uma luxação.
Alguns locais como os ombros e dedos são mais propensos a sofrer uma luxação. Mas isso não impede que ocorram uma luxação no joelho, cotovelo e quadril. Algumas articulações como as do ombro, por exemplo, têm maior risco de sofrer uma nova luxação após a recuperação da primeira por ser uma região mais sensível.
Uma luxação é algo grave e doloroso, já que o seu osso está fora do lugar. Se não tratado, o deslocamento pode desencadear problemas e danos nos ligamentos, nervos ou vasos sanguíneos. Desta forma, o médico deve ser consultado o mais rápido possível.
Causas
Luxação geralmente ocorre quando uma articulação sofre algum tipo de impacto, como durante uma queda ou ao sofrer um golpe.
Essas lesões também podem ocorrer durante a prática de esportes de contato como o futebol e em esportes em que quedas são comuns, como na ginástica. Também é muito comum jogadores de basquete e de futebol, principalmente goleiros, sofrerem uma luxação no dedo ao chocar a mão contra a bola ou contra outro jogador.
Assim como o caso das articulações mais sensíveis na região dos ombros, um osso que já foi deslocado da junta é mais propenso a sofrer outros deslocamentos no futuro. Assim, ao sofrer uma luxação em um local, é preciso tomar cuidado redobrado após o tratamento para não ocorrer outro deslocamento.
Fatores de risco
Existem alguns fatores de risco que podem aumentar as chances de uma pessoa sofrer uma luxação, que incluem:
– Suscetibilidade a quedas
Como já mencionado, idosos e crianças são um grupo de risco em relação ao maior índice de quedas observados nessas idades. Em uma queda, você pode facilmente sofrer uma luxação ao tentar defender seu corpo com os braços ou ao receber o impacto nos seus quadris, ombros ou joelhos, por exemplo.
– Hereditariedade
Algumas pessoas já nascem com ligamentos que são mais sensíveis e mais propensos a sofrer lesões do que os de outras pessoas da mesma idade e isso se deve a fatores genéticos.
– Prática de esporte
Não é à toa que sempre vemos notícias de atletas que se lesionam e têm que se afastar das atividades por certo tempo. Muitos tipos de luxação podem ocorrer durante a prática de esportes de alto impacto ou de contato como ginástica, lutas, basquete, handebol e futebol ou até mesmo durante um treino mal orientado na academia.
– Acidentes de veículos motorizados
Muitas pessoas não sabem, mas acidentes de carro estão entre as causas mais comuns de luxações no quadril, especialmente em pessoas que não estavam usando o cinto de segurança no momento do acidente.
Sintomas
Uma luxação é facilmente observada, pois a região costuma ficar inchada e com aspecto machucado. Além disso, a área afetada pode ficar vermelha ou apresentar tons diferentes dos da pele. Outro indício de uma luxação é a deformação do local.
Assim, os sintomas observados normalmente são:
- Restrição ou perda de movimento;
- Dor durante o movimento;
- Entorpecimento ao redor do local;
- Sensação de formigamento na região;
- Deformação e/ou inchaço no local;
- Descoloração na região afetada.
Como tratar
Antes de iniciar o tratamento, é preciso fazer o diagnóstico correto. Muitas vezes é difícil determinar logo de cara se o osso está quebrado ou se ocorreu uma luxação, pois os sintomas são muito parecidos.
Sendo assim, o médico deve examinar a área afetada verificando a circulação, a deformação e o estado da pele do local afetado. Um raio X geralmente é requerido pelo profissional da saúde para ver realmente o que está acontecendo. Em alguns casos, pode ser solicitado outro tipo de exame de imagem como a ressonância magnética, por exemplo, para ver o que de fato ocorreu na articulação e ossos da região afetada.
O tratamento depende de qual articulação sofreu a luxação e também da gravidade da situação. A Universidade Johns Hopkins nos EUA indica que o tratamento inicial de qualquer luxação deve incluir descanso, gelo, compressão e elevação, ou seja, a pessoa precisa ficar em repouso com a área afetada mais elevada que o resto do corpo e fazer compressas com gelo na região. Em casos mais simples, o osso deslocado pode voltar ao lugar naturalmente após esse simples tratamento.
Em casos mais graves, serão necessárias algumas etapas descritas a seguir:
– Manipulação ou reposicionamento
Em primeiro lugar, o osso terá que ser recolocado no lugar por um médico. A pessoa pode receber um sedativo ou anestésico para tornar o procedimento mais confortável e permitir que os músculos ao redor da articulação afetada relaxem, facilitando o processo. Em outros casos, o médico pode realizar o procedimento sem nenhum tipo de anestesia, o que será um pouco doloroso, mas necessário para as etapas posteriores do tratamento.
– Imobilização
Após colocar tudo no lugar, pode ser necessário imobilizar o local com uma tala. Isso serve para evitar que a articulação se mova e que o osso saia novamente do lugar e fornece o tempo necessário para o local se recuperar. O tempo de imobilização varia de dias a semanas de acordo com a gravidade da luxação.
– Medicação
Em casos mais graves, o paciente sente muita dor durante a recuperação. Assim, o médico pode receitar um analgésico ou um relaxante muscular para aliviar a dor.
– Reabilitação
A etapa de reabilitação só começa após o osso voltar completamente ao lugar de origem na articulação correspondente. O objetivo da reabilitação é fortalecer e restaurar aos poucos o movimento no local afetado de acordo com um plano de exercícios e fisioterapia planejados pelo médico. É importante ter paciência e cautela nessa etapa para não causar nenhum dano as articulações.
– Cirurgia
Em casos em que a luxação danifica os nervos ou os vasos sanguíneos, ou ainda se as etapas anteriores não forem suficientes para voltar o osso para o lugar de origem, a cirurgia pode ser necessária para corrigir os danos. A cirurgia também pode ser necessária em pessoas que sofrem luxações recorrentes no mesmo local, como acontece com alguns atletas que se machucam mais de uma vez na mesma região. Nesses casos, pode ser preciso reconstruir a articulação e reparar as estruturas danificadas pela lesão por meio de uma cirurgia.
Cada tipo de luxação tem seu próprio tempo de recuperação, que irá depender da gravidade da lesão e do local afetado. Na maior parte do corpo, as pessoas se recuperam em algumas semanas, mas em casos específicos, como uma lesão nas articulações dos quadris, por exemplo, a recuperação total pode levar meses ou anos. O ideal é que as recomendações médicas sejam seguidas com rigor para uma recuperação mais rápida.
É importante lembrar que mesmo após a recuperação, o local da luxação ficará mais sensível do que era antes e há o risco de ocorrer um novo desligamento no futuro.
Em nenhuma hipótese é recomendado tentar recolocar o osso no lugar sozinho ou com ajuda de alguém que não é um profissional da saúde. Isso pode piorar ainda mais a lesão. O ideal é imobilizar a área afetada e procurar ajuda médica imediatamente.
Complicações
De um modo geral, a maioria das luxações, se tratadas precocemente, não causa ferimentos permanentes. Porém, uma luxação mais grave, quando não tratada de forma adequada, pode causar problemas como dor persistente e algumas das complicações descritas abaixo.
- Danos aos músculos e “rasgo” dos ligamentos e tendões que reforçam a articulação lesada ao serem esticados;
- Danos aos nervos ou vasos sanguíneos ao redor da articulação afetada;
- Aumento do risco de sofrer outra lesão no mesmo local;
- Desenvolvimento de artrite na articulação afetada com o passar dos anos;
- Necessidade de cirurgia para corrigir a região lesionada;
- Danos aos ossos, causando a morte celular de algumas partes deles ao redor da articulação afetada.
Como evitar uma luxação
Melhor do que tratar um problema é evitar que ele aconteça.
No dia-a-dia:
- Use os corrimões nas escadas;
- Use tapetes antiderrapantes no banheiro e na lavanderia;
- Retire fios de equipamentos como carregadores, por exemplo, do caminho;
- Tenha um kit de primeiros socorros em casa, no carro e no trabalho, de preferência.
No treino:
- Siga sempre as instruções do seu instrutor, sem exagerar nos movimentos;
- Use equipamentos de proteção ao praticar atividades físicas como algum esporte ou luta;
- Não use mais peso do que você pode aguentar, muito menos se ainda não tem confiança total no tipo de exercício.
Se você tem crianças em casa:
- Coloque portões nas escadas;
- Supervisione as atividades das crianças;
- Ensine comportamentos seguros e faça a criança usar equipamentos de segurança ao andar de bicicleta ou patins, por exemplo.
Para evitar uma luxação, a palavra chave é segurança para se prevenir dos riscos de queda e acidentes.